Além da peça sagrada trazida pelos Tupinambá da Bahia, o azul apresentou seu projeto ‘Tempo de Retomada’ para a disputa de arena no festival 2025

Boi-Bumbá Caprichoso apresentou na noite desta quarta-feira (25) o projeto de arena “É Tempo de Retomada”, que norteará o espetáculo azul-e-branco no Festival de Parintins 2025. A coletiva ocorreu na Escola de Arte Irmão Miguel de Pascale e reuniu diretoria, itens oficiais, convidados e o Conselho de Artes.
Durante o evento, a escritora macuxi Truduá Dorrico lançou o livro Tempo de Retomada, obra que serviu de base conceitual para o projeto.
“Sempre ouvia minha mãe e minhas tias conversarem em uma língua estranha e um dia resolvi perguntar o que era aquilo e elas responderam: somos Macuxi. Aquilo fez uma explosão na minha cabeça”, relembrou. “Foi a partir dai que tive a noção de que era tempo de retomar minha história, minha ancestralidade”, contou.
Outro momento marcante foi a entrega do Manto Tupinambá de uma nova era, cedido pelos Tupinambá de Olivença (BA). Confeccionado com penas azuis, o artefato será exibido na primeira noite do festival e, segundo o presidente do Conselho de Artes, Erick Nakanome, “marca uma nova fase e renova a busca pelo tetracampeonato”.

Na abertura, o presidente do Caprichoso, Rossy Amoedo, destacou a retomada da “Escolinha de Artes” e prometeu um espetáculo “grandioso” em 2025.
“Cresci nesse espaço que antes era um galpão do Caprichoso e aqui aprendi a ser artista e contrariando as expectativas negativas, sou um artista que sabe administrar e por isso vamos levar um boi grandioso para arena, mas, para mim, a maior alegria, a maior retomada e reabrir a Escolinha de Artes do Caprichoso”, comemorou.
Em seguida, Nakanome apresentou de forma sucinta o desenho de arena, defendendo a arte como instrumento educativo.
“O Festival cometeu muitos erros e precisamos entender que somos artistas professores, temos a missão de educar”, observou. “Tudo o que eu queria falar quem está aqui já falou: que são os povos que aqui estão, a filha de Chico Mendes, a família do Raimundão e sua luta no Acre, eles são as nossas vozes”, declarou
A coletiva foi encerrada sob aplausos, reforçando o simbolismo do manto e a proposta de reconexão com as origens indígenas que inspiram o novo projeto azul-e-branco.
Foto: Gustavo Batista