Por Emilli Marolix
Uma nova exposição fotográfica está iluminando a vibrante cidade de Parintins, interior do Amazonas, destacando exclusivamente o talento e a visão de fotógrafas mulheres. O projeto intitulado “Angoera”, uma palavra de origem Tupi-Guarani que significa “visão ou imagem”, tem encantado moradores e visitantes, ao mesmo tempo em que promove uma importante discussão sobre o papel da mulher na fotografia e na sociedade. O projeto foi comtemplado no Edital Público n° 07/2023 da Lei Paulo Gustavo e reúne o trabalho de 5 fotógrafas locais.
A exposição “Angoera” se iniciou no mês de abril, na área coberta do porto da cidade, a data foi escolhida para se relacionar com o Dia Nacional das Artes, a exposição vai estar dando continuidade nas instituições e eventos da cidade. A exposição mais recente do “Angoera” foi no dia 22 de maio, na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) onde foram expostas algumas obras das artistas Adria Albuquerque, Jaqueline Tiago e Cristiane Barbosa na V Semana Acadêmica de Jornalismo.
Cada artista traz uma perspectiva única sobre a cidade de Parintins, capturando a beleza, a complexidade e os desafios da região através de suas lentes. As fotografias expostas variam desde paisagens naturais exuberantes a retratos íntimos e comoventes dos habitantes locais, refletindo sobre a diversidade cultural.
Olhar Feminino
A idealizadora do projeto, Estefany Alexandra, destacou a importância de dar visibilidade aos trabalhos das mulheres artistas. “Estamos levando em consideração as poucas oportunidades que as mulheres fotógrafas têm em muitos nichos em todo Brasil. Dar visibilidade é fundamental para fomentar nesse mercado o olhar feminino, mostrando o quanto são criativas e diversificadas em suas linguagens e percepções”, ressalta.
Entre as fotógrafas participantes esta Adria Albuquerque que traz consigo o tema “Parede: hábitos ribeirinhos”, cujas imagens retratam a vida cotidiana dos ribeirinhos. “A partir das minhas vivencias nas comunidades rurais aqui de Parintins e também de outros municípios, eu realmente encontrei um lado da fotografia artística em que eu poderia trabalhar, e mostrar através dessas fotografias, hábitos das comunidades ribeirinhas”, explica ao portal Enunciar.
Adria ainda destaca sobre os seus desafios que enfrentou durante a captura de suas fotografias. “Por questão de olhar artístico eu precisava não conhece-los pra eu ter a impressão de como que era o cotidiano dessas pessoas, quais eram as vivencias e contar através de cada quadro a vivencia de cada pessoa. Então não são só apenas cinco quadro, são cinco pessoas que eu acabei conhecendo, são cinco histórias e são cinco paredes”, disse.
A fotografa Jaqueline Tiago escolheu mostrar nas suas capturas as histórias das pessoas dependentes de drogas e álcool com o tema “Cenas Invisíveis: uma jornada fotográfica pelos esquecidos na Feira do Bagaço”.
“Meu objetivo com essas fotografias foi abordar esse problema de uma perspectiva diferente, com empatia e respeito para que o público possa ver além dos estigmas e preconceito que normalmente cerca essas pessoas, então eu não queria que essas imagens reforçassem marginalização”, explana a fotografa.
Com o tema “As salas: o percurso pelas fases da alma humana”, a artista Selma Lúcia traz na sua concepção o olhar abstrato do sentimento da superação do luto. Enquanto que a fotografa Cristiane Barbosa traz em suas fotografias o olhar arquitetônico de Parintins com o tema “Entre Ruas Rituais: O urbanismo que reflete a alma de Parintins”. E Mônica Seffair que através da expressividade corporal produziu suas fotos com o tema “Dança-imagem-movimento: Um registro poético sobre o corpo do artista em cena”.
Esses eventos proporcionam uma oportunidade única de aprendizado e troca de experiências, fortalecendo a comunidade artística local e inspirando futuras gerações de fotógrafa. O público tem comparecido em grande número, expressando admiração e apoio às artistas.
“É muito inspirador ver tantas mulheres talentosas exibindo seu trabalho aqui em Parintins. Eu espero que essa exposição motive mais mulheres a seguirem seus sonhos artísticos”, comentou Alejozeli pinto, uma visitante da exposição.
“Angoera” é mais do que uma exposição fotográfica, é um movimento de valorização da mulher e da cultura Parintinense através da arte. Em cada clique, as fotógrafas de Parintins estão não apenas preservando momentos, mas também inspirando uma nova geração de mulheres a ver e mostrar o mundo de uma maneira diferente.
Fotos: Reprodução/arquivo pessoal