Indígenas Sateré-Mawé aprendem a transformar lixo orgânico em adubo

Foto: Eder Repolho/Secom

A maioria das pessoas acha que as cascas de frutas, legumes, talos, folhas e restos de alimentos é apenas lixo. Um grande equívoco. Todo este material pode ser transformado em uma fonte rica de nutrientes para o solo e para as plantas. É que esses resíduos são matéria prima ideal para a produção de adubo orgânico.

Com as pessoas procurando cada vez mais adotar uma alimentação mais saudável e hábitos de consumo ambientalmente sustentáveis, é cada dia maior o interesse destas por aprender como destinar corretamente o seu lixo orgânico e não orgânico, como reaproveitar esses resíduos para produzir adubo natural (orgânico) por meio da compostagem, um processo simples de reciclagem que pode ser feito em casa, sem ocupar grandes áreas e com baixo custo financeiro.

É pensando nisso, que aproximadamente trinta Agentes Indígenas de Saneamento Ambiental (Aisan), profissionais que atuam na promoção da saúde nas comunidades Sateré-Mawé dos rios Uaicurapá e Andirá, participaram de oficina de compostagem orgânica promovida pela Prefeitura de Parintins, nesta segunda-feira (10/03). 

A Secretaria Municipal de Produção Rural, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), realizou a atividade ministrada pelo tecnólogo em agroecologia, Luiz Carlos Roçoda, na antiga Olaria da Diocese.

A oficina de compostagem orgânica é uma das ações estratégicas de agroecologia da gestão do prefeito Mateus Assayag e do secretário de produção rural Tião Teixeira para a capacitação das comunidades tradicionais. 

O agente indígena da comunidade São Francisco do Rio Uaicurapá, tuxaua Luiz Gomes, exaltou o conhecimento de práticas sustentáveis de produção de adubo. 

“É muito importante para todos os agentes indígenas trabalharem na produção de alimentos. Vou repassar isso para minha aldeia. Vai ser útil para os nossos parentes fazerem plantio de banana e mandioca”, ressaltou.

O tecnólogo em agroecologia da Secretaria de Produção Rural de Parintins, Luiz Carlos Roçoda, destacou a oportunidade de transmitir exemplos de como funciona o processo de decomposição orgânica. 

“No município e nas comunidades, existe a falta de manejo de resíduos sólidos orgânicos, porque são descartados como lixo em vários locais. Pode ser feito um trabalho de reaproveitamento, de destinação adequada dessa matéria orgânica, transformando o que seria lixo, em algo útil, que é o adubo para alimentar as plantas, desenvolver a parte vegetal fixa no solo”, explicou.

Praticamente todo material que não seja plástico, vidro ou metal pode se transformar em adubo orgânico. Assim, podem ir para a composteira as cascas de legumes, frutas e ovo, pó de café inclusive com o filtro, saquinhos de chá, restos de vegetais crus, folhas secas retiradas do jardim, aparas de grama, palha e até os guardanapos de papel. Cada quilo de produto orgânico rende cerca de 100 gramas de composto. E, ao contrário do que muita gente pensa, o processo, se manejado de forma correta, não gera qualquer odor desagradável.

A gestora de saneamento ambiental do Dsei Parintins, Samanta Brito, ressaltou a parceria institucional com a Secretaria Municipal de Produção Rural para o manejo de resíduos orgânicos dentro da terra indígena do povo Sateré-Mawé. 

“Essa oficina de compostagem contemplou os agentes do Dsei Parintins dos rios Andirá e Uaicurapá. Agradecemos o apoio da Prefeitura de Parintins para essa formação. Essa iniciativa é para fortalecer essa atividade de produção. A compostagem trará benefícios para todas as comunidades. O que aprenderam aqui levarão para os parentes no território indígena”, frisou.

O processo de compostagem dos resíduos orgânicos produzidos em casa, além de reduzir o lixo que seria encaminhado aos aterros sanitários, pode ajudar a refertilizar de forma natural e a custo praticamente zero quintais e jardins. E estes, por sua vez, podem, graças à adubação orgânica, servir para o plantio de alimentos e ervas que comporão a alimentação da família ou gerarão renda extra se forem comercializados.

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