A população indígena é um povo historicamente silenciado, e sofrem diversos tipos de violência desde a invasão dos europeus no Brasil. Atualmente os povos da floresta vem ganhando espaço e visibilidades na internet. Os influenciadores indígenas, jovens líderes das comunidades tradicionais estão aproveitando o poder das redes sociais para compartilhar suas culturas, lutar por direitos e proteger a floresta.

Essas vozes ancestrais estão encontrando novos públicos e redefinindo o que significa ser indígena no século XXI, através de vídeos no TikTok, postagens no Instagram, facebook e YouTube. Um exemplo notável dessa nova geração é a We’ena do povo Tikuna, nascida na Terra Indígena Tikuna Umariaçu, localizada no Alto Rio Solimões, Amazonas.

We’ena é cantora, estilista, designer, ativista dos direitos indígenas, nutricionista e artista plástica. Utiliza suas redes sociais para divulgar sobre sua cultura, tradições e seu cotidiano, possui mais de 800 mil seguidores no Instagram (@weena_tikuna), mais de 1 milhão no Facebook e 120 mil inscritos no Youtube.  A artista explicou sobre o que a motivou a trabalhar com as redes sociais.

“Eu vi necessidade que as pessoas não indígenas tinham em querer conhecer a cultura indígena, não aquelas contadas nos livros pelos colonizadores e sim a história contada por nós indígenas. Eu vi que a forma de quebrar o preconceito é mostrando ter orgulho das nossas raízes”, relata ao portal enunciar.

 A cantora ainda ressalta sobre como as redes sociais tem se tornado uma ferramenta fundamental para divulgar suas tradições e histórias. “As redes sociais ela é tão forte, que ela se torna uma arma de poder grande para mostrar que somos capazes de ocupar sim esses espaços, o que não era nosso, hoje nós mesmo estamos mostrando que podemos sim ocupar, sofro bastante palavras negativas, mais isso me incentiva cada vez mais a contar sobre nossa verdadeira história”, explica We’ena.

O uso da tecnologia pelos jovens indígenas não é apenas uma ferramenta de ativismo, mas também uma forma de preservar e revitalizar suas culturas. Muitos influenciadores compartilham conteúdos sobre língua, música, culinária e medicina tradicional, temas que são frequentemente negligenciados.

We’ena também explica sobre a importância de mostrar o empoderamento da mulher indígena.

“A indígena é sempre vista como algo que não tem força, e eu sempre me propôs a mostrar que nós mulheres indígenas temos a nossa capacidade, nossa formação, nós somos capazes de ocupar esses espaços que nunca foi aberto pra nós, e ainda estamos brigando pra ocupar, como nas tvs e revistas”, elenca. 

Os desafios e suas oportunidades

Apesar do impacto positivo, os influenciadores indígenas enfrentam inúmeros desafios. A infraestrutura digital nas aldeias mais distantes ainda é precária, com acesso limitado à internet e falta de equipamentos adequados. Além disso, muitos sofrem com a violência e o preconceito nas redes sociais e fora da internet.

À medida que mais jovens indígenas ingressam no mundo digital, a esperança é que suas vozes continuem a ecoar e a influenciar as gerações futuras. Eles não apenas combatem a invisibilidade histórica dos povos indígenas, mas também inspiram uma nova maneira de ver e entender a conexão entre humanidade e natureza.

A nossa luta e tudo que eu faço, como a música, a arte, a moda é tudo um ato político, tudo uma identificação onde a gente mostra nossa força, a nossa resistência para mostrar para sociedade que a nossa cultura, ela está viva e está presente, e ela está aí a disposição para pessoas que queiram realmente conhecer e se identificar com a nossa causa indígena”, afirmou We’ena.

O impacto desses influenciadores vai além das redes sociais, eles têm influenciado políticas públicas, participado de conferências internacionais e colaborado com ONGs e instituições acadêmicas. Suas vozes estão ajudando a moldar uma nova narrativa sobre as populações indígenas no Brasil e no mundo.

Outros exemplos de influenciadores indígenas ativos nas redes sociais é a jovem Kaê Guajajara do povo Guajajara que utiliza suas redes para abordar a cultura e os direitos indígenas, além de compartilhar sua arte e música. Ela também levanta discussões sobre a preservação da Amazônia e os desafios enfrentados por seu povo.

E Txai Suruí, filha do renomado cacique Almir Suruí, Txai é uma voz ativa na luta pela preservação ambiental. Ela usa seu Instagram para sensibilizar sobre a importância da floresta amazônica e as ameaças que enfrenta, bem como para celebrar a cultura e as tradições de seu povo.

Fotos: Arquivo internet

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